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A lebre e a tartaruga

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Giba Net: A lebre e a tartaruga

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

A lebre e a tartaruga

(*) Nelson Valente

Há histórias que são emblemáticas, com toda a sua coorte de personagens, fatos e mensagens. Bruxas, fadas e duendes frequentam o imaginário infantil e a sua exploração deve ser feita de modo adequado pelos especialistas que têm a responsabilidade de “fazer educação”.

Veja-se o caso de “a lebre e a tartaruga”. Hoje, nas escolas municipais de educação infantil e particular (em todo território nacional), no uso da técnica do diálogo/questionamento, muitas crianças afirmam que a tartaruga chegou primeiro, na famosa corrida, porque a “lebre ficou dormindo”, quando na verdade ela foi sacrificada pelo desejo de ser “esperta”, numa aplicação à fábula da nefasta “lei de Gerson”.

Questionamentos e confrontos de pontos de vista, como são hoje sugeridos pelos escritores brasileiros, contribuem para a superação do natural egocentrismo das crianças, possibilitando a conquista gradual da autonomia de pensamento. Assim nascem os indivíduos socialmente críticos, por intermédio da viabilização da sua autoconstrução.

O emprego, nessas questões, da literatura infantil representa um grande conforto, pois ideias, confrontos e interesses transbordam de um contexto extremamente prazeroso para as crianças. Daí nasce a motivação – e os resultados naturalmente constituem uma consequência desse processo. Quando a criança é egocêntrica ela não se coloca no ponto de vista do outro; o tipo de contato social com as crianças da mesma idade limita-se somente a “estar junto”. Paulatinamente é que ela conquista o prazer de “fazer alguma coisa junta”. É a isso que chamamos de processo de socialização, em que a escola exerce papel decisivo.

Por todos esses fatos, mais relevantes ainda quando se trata do período pré-operatório (em geral dos dois aos sete anos de idade), é essencial que a escolha do material didático com que se irá trabalhar se faça de modo adequado. E que os professores estejam devidamente preparados para o uso desses preciosos instrumentos da cultura.

(*) é professor universitário, jornalista e escritor.

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