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Mediunidade no tempo de Jesus

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Giba Net: Mediunidade no tempo de Jesus

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Mediunidade no tempo de Jesus


Paulo da Silva Neto Sobrinho
"Se alguém julga ser profeta ou inspirado pelo Espírito, reconheça um
mandamento do Senhor nas coisas que estou escrevendo para vocês"
(PAULO, aos coríntios).

Introdução

A mediunidade é uma faculdade humana que consiste na sintonia espiritual entre dois seres. Normalmente, a usamos para designar a influência de um Espírito desencarnado sobre um encarnado, entretanto, julgamos que, acima de tudo, por se tratar de uma aquisição do Espírito imortal, pouco importa a situação em que se encontram esses dois seres, para que se processe a ligação espiritual entre eles.
É comum que ataques ao Espiritismo ocorram por conta desse "dom", como se ele viesse a acontecer exclusivamente em nosso meio. Ledo engano, pois, conforme já o dissemos, é uma faculdade humana, e assim sendo, todos a possuem, variando apenas quanto ao seu grau.
Os detratores querem, por todos os meios, fazer com que as pessoas acreditem que isso é coisa nova, mas podemos provar que a mediunidade não é coisa nova e que até mesmo Jesus dela pode nos dar notícias. É o que veremos a seguir.

A mediunidade e Jesus

Quando Jesus recomenda a seus doze discípulos a divulgação de que o "reino do Céu está próximo" fica evidenciado, aos que estudaram ou vivenciam esse fenômeno, que o Mestre estava falando mesmo era da faculdade mediúnica. Entretanto, por conta dos tradutores ou dos teólogos, essa realidade ficou comprometida no texto bíblico. Entretanto, como é impossível "tapar o sol com uma peneira", podemos perfeitamente identificá-la, apesar de todo o esforço para escondê-la.
O evangelista Mateus narra o seguinte:
"Eis que eu envio vocês como ovelhas no meio de lobos. Portanto, sejam prudentes como as serpentes e simples como as pombas. Tenham cuidado com os homens, porque eles entregarão vocês aos tribunais e açoitarão vocês nas sinagogas deles. Vocês vão ser levados diante de governadores e reis, por minha causa, a fim de serem testemunhas para eles e para as nações. Quando entregarem vocês, não fiquem preocupados como ou com aquilo que vocês vão falar, porque, nessa hora, será sugerido a vocês o que vocês devem dizer. Com efeito, não serão vocês que irão falar, e sim o Espírito do Pai de vocês é quem falará através de vocês". (10,16-20).
A primeira observação que faremos é que por ter tentado a Eva, dizem que a serpente seria o próprio satanás, entretanto, isso fica estranho, porquanto o próprio Jesus nos recomenda sermos prudentes como as serpentes. Esse fato demonstra que tal associação é apenas fruto do dogmatismo que só produz o fanatismo religioso.
Essa fala de Jesus é inequívoca quanto ao fenômeno mediúnico: "não fiquem preocupados como ou com aquilo que vocês vão falar, porque, nessa hora, será sugerido a vocês", e arremata: "Com efeito, não serão vocês que irão falar, e sim o Espírito do Pai de vocês é quem falará através de vocês". A tentativa de esconder o fenômeno fica por conta da expressão "o Espírito do Pai", quando a realidade é "um Espírito do Pai" a mudança do artigo indefinido para o artigo definido tem como objetivo principal desvirtuar a fenomenologia em primeiro plano e em segundo, mais um ajuste de texto bíblico para apoiar a trindade divina copiada dos povos pagãos.
O filósofo e teólogo Carlos Torres Pastorino abordando a questão da mudança do artigo, diz:
"...Novamente sem artigo. Repisamos: a língua grega não possuía artigos indefinidos. Quando a palavra era determinada, empregava-se o artigo definido 'ho, he, to'. Quando era indeterminada (caso em que nós empregamos o artigo indefinido), o grego deixava a palavra sem artigo. Então quando não aparece em grego o artigo, temos que colocar, em português, o artigo indefinido: UM espírito santo, e nunca traduzir com o definido: O espírito santo". (Sabedoria do Evangelho, volume 1, pág 43).
Se sustentarmos a expressão "o Espírito do Pai" teremos forçosamente que admitir que o próprio Deus venha a se manifestar num ser humano. Pensamento absurdo como esse só pode ser pela falta de compreensão da grandeza de Deus. Dizem os cientistas que no cosmo há 100 bilhões de galáxias, cada uma delas com cerca de 100 bilhões de estrelas, fazendo do Universo uma coisa fora do alcance de nossa limitada imaginação, mas, mesmo que a custa de um grande esforço, vamos imaginar tamanha grandeza. Bom, façamos agora a pergunta: o que criou tudo isso? Diante disso, admitir que esse ser possa estar pessoalmente inspirando uma pessoa é fora de proposto, coisa aceitável a de povos primitivos, cujos conhecimentos não lhes permitem ir mais longe, por restrição imposta pelo seu hábitat.

A mediunidade no apostolado

Um fato, que reputamos como de inquestionável ocorrência da mediunidade, aconteceu logo depois da morte de Jesus, quando os discípulos reunidos receberam "como que línguas de fogo" e começaram a falar em línguas, de tal sorte que, apesar da heterogeneidade do povo que os ouvia, cada um entendia o que falavam em sua própria língua. Fato extraordinário registrado no livro Atos dos Apóstolos, desta forma:
"Quando chegou o dia de Pentecostes, todos eles estavam reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um barulho como o sopro de um forte vendaval, e encheu a casa onde eles se encontravam. Apareceram então umas como línguas de fogo, que se espalharam e foram pousar sobre cada um deles. Todos ficaram repletos do Espírito Santo, e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que falassem. Acontece que em Jerusalém moravam judeus devotos de todas as nações do mundo. Quando ouviram o barulho, todos se reuniram e ficaram confusos, pois cada um ouvia, na sua própria língua, os discípulos falarem". (Atos 2, 1-6).
Aqui podemos identificar o fenômeno mediúnico conhecido como xenoglossia, que na definição do Aurélio é: A fala espontânea em língua(s) que não fora(m) previamente aprendida(s). Mas, como da vez anterior, tentam mudar o sentido, para isso alteram o artigo indefinido para o definido, quando a realidade seria exatamente que estavam "repletos de um Espírito santo (bom)".
Fato semelhante aconteceu, um pouco mais tarde, nomeado como o Pentecostes dos pagãos:
"Pedro ainda estava falando, quando o Espírito Santo desceu sobre todos os que ouviam a Palavra. Os fiéis de origem judaica, que tinham ido com Pedro, ficaram admirados de que o dom do Espírito Santo também fosse derramado sobre os pagãos. De fato, eles os ouviam falar em línguas estranhas e louvar a grandeza de Deus..." (At 10, 44-46).
Episódio que confirma que "Deus não faz acepção de pessoas" (At 10,34), daí podermos estender à mediunidade como uma faculdade exclusiva a um determinado grupo religioso, mas existindo em todos segmentos em suas expressões de religiosidade.

A mediunidade como era "transmitida"

A bem da verdade não há como ninguém transmitir a mediunidade para outra pessoa, entretanto, pelos relatos bíblicos, a imposição das mãos fazia com que houvesse sua eclosão, óbvio que naqueles que a possuíam em estado latente. Vejamos algumas situações em que isso ocorreu.
Em Atos 8, 17-18:
"Então Pedro e João impuseram as mãos sobre os samaritanos, e eles receberam o Espírito Santo. Simão viu que o Espírito Santo era comunicado através da imposição das mãos. Dêem para mim também esse poder, a fim de que receba o Espírito todo aquele sobre o qual eu impuser as mãos".
Simão era um mago que, com suas artes mágicas, deixava o povo da região de Samaria maravilhado. Mas, ao ver o "poder" de Pedro e João, ficou impressionado com o que fizeram, daí lhes oferece dinheiro a fim de que dessem a ele esse poder, para que sobre todos os que ele impusesse as mãos, também recebessem o Espírito Santo.
Em Atos 19, 1-7:
"Enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo atravessou as regiões mais altas e chegou a Éfeso. Encontrou aí alguns discípulos, e perguntou-lhes: 'Quando vocês abraçaram a fé receberam o Espírito Santo?' Eles responderam: 'Nós nem sequer ouvimos falar que existe um Espírito Santo'. Paulo perguntou: 'Que batismo vocês receberam?' Eles responderam: 'O batismo de João'. Então Paulo explicou: 'João batizava como sinal de arrependimento e pedia que o povo acreditasse naquele que devia vir depois dele, isto é, em Jesus'. Ao ouvir isso, eles se fizeram batizar em nome do Senhor Jesus. Logo que Paulo lhes impôs as mãos, o Espírito Santo desceu sobre eles, e começaram a falar em línguas e a profetizar. Eram, ao todo, doze homens".
Será que podemos entender que o batismo de Jesus é "receber o Espírito Santo", conseguido pela imposição das mãos? A narrativa nos leva a aceitar essa hipótese, apenas mantemos a ressalva feita anteriormente quanto à expressão "o Espírito Santo".

A mediunidade como os dons do Espírito

Na estrada de Damasco, Paulo, que até então perseguia os cristãos, numa ocorrência transcendente, se encontra com Jesus, passando, a partir daí, a segui-lo. Durante o seu apostolado se comunicava diretamente com o Espírito de Jesus, demonstrando sua incontestável mediunidade.
Aliás, o apóstolo Paulo foi quem mais entendeu do fenômeno mediúnico, tanto que existem recomendações preciosas de sua parte aos agrupamentos cristãos de então. Ele o chamava de "dons do Espírito". "Sobre os dons do Espírito, irmãos, não quero que vocês fiquem na ignorância" (1Cor 12,1), mostrando-se interessado em que todos pudessem conhecer tais fenômenos.
E esclarece o apóstolo dos gentios:
"Existem dons diferentes, mas o Espírito é o mesmo; diferentes serviços, mas o Senhor é o mesmo; diferentes modos de agir, mas é o mesmo Deus que realiza tudo em todos. Cada um recebe o dom de manifestar o Espírito para a utilidade de todos. A um, o Espírito dá a palavra de sabedoria; a outro, a palavra de ciência segundo o mesmo Espírito; a outro, o mesmo Espírito dá a fé; a outro ainda, o único e mesmo Espírito concede o dom das curas; a outro, o poder de fazer milagres; a outro, a profecia; a outro, o discernimento dos espíritos; a outro, o dom de falar em línguas; a outro ainda, o dom de as interpretar. Mas é o único e mesmo Espírito quem realiza tudo isso, distribuindo os seus dons a cada um, conforme ele quer". (1 Cor 12,4-11).
Novamente, mudando-se "o Espírito" para "um Espírito", estaremos diante da faculdade mediúnica, basta "ter olhos de ver".
Ao que parece, naquela época, os médiuns se preocupavam mais com a xenoglossia Paulo para desfazer esse engano novamente faz outras recomendações aos coríntios (1Cor 14,1-25). Disse ele:
"...aspirem aos dons do Espírito, principalmente à profecia. Pois aquele que fala em línguas não fala aos homens, mas a Deus. Ninguém o entende, pois ele, em espírito, diz coisas incompreensíveis. Mas aquele que profetiza fala aos homens: edifica, exorta, consola. Aquele que fala em línguas edifica a si mesmo, ao passo que aquele que profetiza edifica a assembléia. Eu desejo que vocês todos falem em línguas, mas prefiro que profetizem. Aquele que profetiza é maior do que aquele que fala em línguas, a menos que este mesmo as interprete, para que a assembléia seja edificada...".

Conclusão

Como apregoa a Doutrina Espírita o fenômeno mediúnico nada mais é que uma ocorrência de ordem natural. Podemos identificá-lo desde os mais remotos tempos da humanidade, e não poderia ser diferente, pois, em se tratando de uma manifestação de uma faculdade humana, deverá ser mesmo tão velha quanto a permanência do homem aqui na Terra.
Mas, infelizmente, a intolerância religiosa, a ignorância e, por vezes, a má-vontade, não permitiu que fosse divulgada da forma correta, ficando mais por conta de uma ocorrência sobrenatural, que só acontecia a uns poucos privilegiados. Coube ao Espiritismo a desmistificação desse fenômeno, bem como a sua explicação racional. Kardec nos deixou um legado importantíssimo para todos que possam se interessar pelo assunto, quando lança O Livro dos Médiuns, que recomendamos aos que buscam o conhecimento dessa fenomenologia, ainda muito incompreendida em nossos dias.

Referência bibliográfica.

  • PASTORINO, Carlos Torres, Sabedoria do Evangelho, volume 1, Revista Mensal Sabedoria, Rio, 1964.
  • Bíblia Sagrada, Edição Pastoral, Paulus, São Paulo, 43ª ed. 2001.

Este artigo foi enviado por nossa leitora e amiga Rosangela Barreto, Rose, a quem agradeço imensamente a amizade e grande participação, comentando todos os artigos e indicando outros.

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6 Comentários:

Às 3 de agosto de 2010 às 22:07 , Anonymous Aninha (arquivinho.com) disse...

Nossa Giba, como queria que todos pudessem ler essa sua postagem tão esclarecedora. Por mais clara que seja, até na Bíblia, como você falou, a mediunidade não é aceita de forma alguma por pessoas de outras religiões, que tratam essas pessoas como loucas ou "possuídas".
Quanta ignorância!
Parabéns pela divulgação e, se me permite, gostaria de repassá-la por e-mail para algumas pessoas com os devidos créditos, claro.
Um grande abraço!

 
Às 3 de agosto de 2010 às 22:24 , Blogger Giba disse...

Aninha, fique a vontade de enviar a quem você achar que deve, e nem se preocupe com os créditos, pois quem faz o bem, não precisa de pagamento, mas sim de ver o mundo melhor.
Digo isso por mim, pela Rose que indicou e por Paulo Sobrinho, que idealizou o texto.
Faça o que lhe vier ao coração.
Um grande abraço
Giba

 
Às 3 de agosto de 2010 às 23:57 , Blogger Silvana Marmo disse...

Olá Giba,
Um dos maiores medos do ser humano é o medo do desconhecido. É um medo primal, vem das entranhas do nosso sub-consciente.
Muitas vezes, prevalece o medo de entrar em nosso interior e tomar posse do que realmente somos e cremos, sem criar máscaras de proteção, que escondem nossa verdadeira imagem. A busca de conhecimento do outro, passa necessariamente pelo conhecimento de nós mesmos.
Todavia, usualmente, assim só se qualificam aqueles em quem a faculdade mediúnica se mostra bem caracterizada e se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade, o que então depende de uma organização mais ou menos sensitiva. É de notar-se, além disso, que essa faculdade não se revela, da mesma maneira, em todos.
Meu carinho

 
Às 4 de agosto de 2010 às 01:09 , Blogger Jackie Freitas disse...

Giba, meu querido!
Olha eu aqui de passagem, mas não podia deixar de parar para mandar o meu grande e fraterno abraço e agradecê-lo por ser essa pessoa tão especial, cujos valores estão cada vez mais raros hoje em dia. Esse seu post só reforça o quanto há de interesse em sua pessoa pelo crescimento e entendimento humano. O quanto se pode contribuir com o mundo acrescentando palavras e enriquecendo o conhecimento.
Vamos elevar mais o nosso lado espiritual e passar a entender que o corpo aqui ficará, mas o nosso espírito irá seguir adiante, portanto, se aqui ele não for bem alimentado e enriquecido, não poderá fazer essa jornada.
Muito obrigada, meu querido.
Você, cada dia mais, nos enche de orgulho.
Grande beijo,
Jackie

 
Às 4 de agosto de 2010 às 09:48 , Anonymous Rose disse...

Giba, gostaria de agradecer seu carinho, escrevendo minhas postagens, tem sido bastante gratificante participar e contribuir com seu blog e abrir discussões das mais diversas, essa adversidade é encantadora.
Afinal de contas, a revelação espírita é bem uma revolução no campo das idéias, porque representa uma total mudança de perspectiva da própria vida, a descoberta de um mundo mais invisível do que o dos microrganismos, a afetar diretamente não só a compreensão do humano, que agora se torna também o espiritual, mas as próprias relações humanas que se revelam influenciadas, de um modo concreto, por um mundo novo até então considerado abstrato. Não há como negar. Sem dúvida a descoberta do Mundo Invisível impõe uma revolução integral das idéias, o que permite compreender a resistência que certos cientistas demonstraram na aceitação dos fenômenos espíritas, pois esta lhes custaria a derrubada do edifício materialista em que se acomodam: a história nos revela que se chegou ao cúmulo de sugerir-se a formação de um complô para negar a verdade, ainda que os fenômenos pesquisados viessem a mostrar-se autênticos durante as investigações.

Realmente, temos aí um mundo muito mais importante, mais revelador, mais revolucionário do que a descoberta das Américas em seu tempo ou as conquistas espaciais de hoje. Afinal, as viagens interplanetárias revelar-nos-ão outros mundos de matéria idêntica à nossa, ainda que de constituições diversas, enquanto o chamado Mundo Invisível leva-nos o pensamento e as pesquisas para dimensões insuspeitadas, abrindo um leque infinito, à nossa frente, de possibilidades de vida, das quais só paulatinamente o homem poderá ir tomando conhecimento.
Obrigada amigo querido, acho que nos conhecemos em outra vida ! rs
bjos no seu coração.
(Rose)Rosangela Barreto

 
Às 4 de agosto de 2010 às 13:04 , Blogger Thiago Blauth Ferreira disse...

Grande post! Favoritei.


Luz na mente e Paz no coração.

 

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