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segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Praça da Paz Celestial - Governantes Modernos Continuam em Silêncio



Por: Xiyun Yang e Andrew Jacobs 
O Massacre Completou 22 anos.

Ele foi responsável por evitar um banho de sangue ainda maior em 4 de junho de 1989. Um dos dois líderes que negociaram a retirada dos manifestantes da praça da Paz Celestial, o professor Zhou Duo, 62, continua a pagar por sua participação nos protestos.

Zhou ficou preso por um ano e nunca mais trabalhou foi aposentado compulsoriamente da Universidade de Pequim, onde lecionava sociologia.

Tentou várias vezes uma reintegração ao cargo e vê as portas se fecharem quando seu passado militante é descoberto.

Ele tentou fazer uma greve de fome em um parque da cidade hoje, para exigir do governo investigação de responsabilidade de quem mandou os tanques para a praça e, segundo ele, para exigir sua liberdade de expressão. Mas ficou em prisão domiciliar desde sábado, poucos dias depois de falar comigo e foi retirado de Pequim pela polícia. Talvez só volte na semana que vem.

DESPOLITIZADOS

Já tivemos autoritarismo nas dinastias imperiais, totalitarismo na era de Mao, e voltamos ao autoritarismo. O país mudou muito nos últimos 30 anos, é mais livre. Se você não mexe com o governo, você é livre. Ninguém controla você se não criticar o governo. O governo quer que os cidadãos foquem mais em seus próprios interesses, em suas carreiras e fiquem longe da política. A estratégia funcionou. A repressão de 4 de junho deu uma mensagem poderosa de quanto é perigoso se meter com política aqui. Muita gente foi presa. A propaganda, a educação e a mídia fizeram o resto. Como alternativa, há muitas maneiras de se ficar rico neste país. E os governos e empresas ocidentais também cooperaram para o esquecimento.

JANTAR COM A POLÍCIA
 
A polícia me visita com frequência, mas posso viajar ao exterior e pela China.

Na semana passada, fui convidado a jantar por agentes de segurança do meu bairro. Os policiais pediram gentilmente que eu não desse entrevistas a jornalistas estrangeiros dentro do meu apartamento, por isso estou conversando com você neste café. "Você deve estar muito ocupado ultimamente", brincou um dos policiais.
TANQUES

Éramos cerca de 5.000 pessoas na praça na noite de 3 de junho. Uma semana antes, o número foi encolhendo quando as pessoas começaram a notar que os militares invadiriam o centro de Pequim. O massacre não aconteceu na praça, eu estava lá. Os tanques e os militares foram matando nos bloqueios nas entradas da cidade e nas avenidas rumo à praça da Paz Celestial. Começamos a ouvir tiros às 2h da manhã.

SEM NEGOCIAÇÃO
 
Às 3h da manhã, nós éramos quatro professores e tínhamos que convencer os estudantes a deixar a praça. Liu Xiaobo [autor de um manifesto pró-democracia em dezembro, preso desde então] e eu fomos falar com Chai Ling, a líder dos estudantes. Ela se negou a nos ouvir e disse que não entregaríamos a praça de graça. Havia civis armados, ameaçando atirar quem quisesse abandonar a praça, "os traidores".

Queríamos pedir pelos alto-falantes para os estudantes se retirarem, recolher e entregar as armas e depois negociar com os militares. Todas as luzes da praça se apagaram às 4h.
 
INSTANTES FINAIS
 
Não conseguimos nada disso, então pedi que Hou Dejian me acompanhasse a negociar com os militares. Ele era um cantor famoso, não teriam coragem de atirar nele. Pedimos carona a militares que tinham uma van. Eram três da manhã, escuridão total, nunca senti tanto medo na minha vida. Não sei se voltaria com vida. Parecia que caminhava rumo ao inferno.

Os militares disseram que só precisariam negociar com os superiores. Não havia mais como parar os tanques. Deram meia hora para que nos retirássemos.

Deixei a praça com outros amigos às 6h da manhã, vários grupos estavam saindo pelo sudeste da praça. Havia corpos e sangue na avenida. Pelos meus cálculos, morreram mil pessoas. Da praça, fui para a minha casa. Fui preso no caminho.
NÃO SÓ DEMOCRACIA
 
Estudantes queriam liberdade, democracia, reforma universitária. Os mais jovens pediam mais fundos para as universidades, os mais velhos reclamavam de inflação, de desemprego e de corrupção, que era apenas uma pequena fração da que acontece hoje.

Não era governo versus estudantes. Havia professores, médicos, funcionários públicos, idosos. E o governo estava dividido. O secretário-geral, Zhao Ziyang, queria mais reformas, e a velha guarda queria acabar com o protesto. O grupo mais radical dos estudantes, liderado por Chai Ling, também não queria conversa.

DERROTA MODERADA
 
Os dois grupos moderados perderam força, e a linha dura dos dois lados prevaleceu. E veio a tragédia. Estudo agora por que, na história da China, os moderados sempre perdem.

Na cultura política chinesa, consenso e negociação são vistos como covardia, fraqueza.


Ex-ativistas ainda esperam que a verdade virá à tona


Duas décadas após o massacre na Praça Tiananmen em Pequim, o evento permanece um tabu na China. Os ex-ativistas pró-democracia estão espalhados por todo o mundo e esperam que a verdade sobre o que aconteceu naquele fatídico 4 de junho venha algum dia à tona.


Quando o sangue foi lavado do asfalto e as esperanças de uma China mais livre e justa se dissiparam, Han Dongfang montou em sua bicicleta e deixou a cidade. Era 4 de junho de 1989, o domingo em que o Partido Comunista chinês removeu os manifestantes da Praça Tiananmen de Pequim e, segundo os números oficiais, atirou contra 319 deles. Outras fontes citam até 3 mil mortos.


O eletricista ferroviário de 25 anos tinha se dedicado a uma missão especial. "Eu queria percorrer o país e falar com operários e produtores rurais", diz Han. Cerca de um mês antes, seus amigos anunciaram, na Praça Tiananmen, que o tinham escolhido como porta-voz de seu sindicato independente.


Dez dias depois, em algum lugar na província de Hebei, ele viu sua foto na televisão - como um "agitador e contrarrevolucionário", sendo procurado pelas autoridades. Han ficou chocado, mas se recordou da promessa que fez aos líderes do Sindicato Autônomo dos Trabalhadores de Pequim antes de ser nomeado seu líder. "Se chegar minha hora de ir para a prisão, eu não vou esperar que me peguem, mas vou me entregar." Han montou em sua bicicleta e voltou para Pequim, onde se apresentou na sede da polícia - e foi enviado para a prisão pelos 22 meses seguintes.


Por quase sete semanas na primavera chinesa de 1989, estudantes ocuparam a Praça Tiananmen, onde fizeram manifestações em prol de suas próprias organizações independentes e contra autoridades corruptas do partido. O que começou como um movimento de protesto inofensivo se transformou em uma revolta contra as pessoas no poder - até que os membros idosos do partido que cercavam o patriarca do Partido Comunista, Deng Xiaoping, lembraram de algo que o ex-líder chinês Mao Tsé-tung escreveu: "O poder político vem do cano de uma arma". O secretário-geral do Partido Comunista, Zhao Ziyang, um homem que poderia ter sido o Gorbachev da China e que se opunha fortemente ao uso de força militar, foi primeiro repreendido e depois colocado sob prisão domiciliar.


'Ímpeto para reforma'


Os protestos "não eram uma ameaça ao nosso sistema político", disse Zhao antes de sua morte em 2005, após passar 16 anos sob prisão domiciliar. Ele até mesmo acreditava que os protestos foram úteis, e que podem ter dado à China um "ímpeto para reforma, até mesmo mudança política".


O livro de memórias de Zhao, intitulado "Prisioneiro do Estado", gravado secretamente em 30 fitas e contrabandeado para fora do país, foi publicado postumamente nos Estados Unidos e Hong Kong. Ele oferece um raro vislumbre do funcionamento interno do Partido Comunista da China. Zhao estava em sua casa, não distante da Praça Tiananmen, quando se desenrolou o banho de sangue. Ele escreveu: "Na noite de 3 de junho, enquanto estava sentado no pátio com minha família, eu ouvi fogo pesado. Uma tragédia que chocaria o mundo não foi impedida e agora estava acontecendo".


O que aconteceu na Praça Tiananmen foi marcado a ferro na memória coletiva do mundo, completa com imagens inesquecíveis do acerto de contas brutal de Pequim com os críticos indefesos do regime. Quando os tanques entraram na cidade vindos do oeste, os manifestantes já estavam exaustos pelo calor e por uma greve de fome. Algumas poucas mangueiras de incêndio bastariam para expulsá-los da praça.


A China se tornou um país diferente desde então. O Partido Comunista concedeu aos chineses liberdades pessoais e econômicas antes desconhecidas. Mas um tabu ainda paira sobre a data de 4 de junho. Ninguém foi responsabilizado pelo massacre. Os livros oficiais de história às vezes mencionam a data, mas quando o fazem é ligada a um "incidente". Muitos jovens nem mesmo sabem o que aconteceu no coração de Pequim em 1989, porque tanto seus pais quanto seus professores não dizem nada a respeito do massacre.


Ativistas de direitos humanos em Hong Kong estimam que cerca de 30 pessoas permanecem na prisão como "líderes" e "arruaceiros". Das pessoas-chave restantes espalhadas pelo mundo, muitas se recolheram na vida privada e algumas se tornaram religiosas.


Casas de chá e oficinas


O eletricista ferroviário Han Dongfang, que atualmente mora em Hong Kong, contraiu tuberculose na prisão e perdeu um pulmão. Ele posteriormente foi autorizado a viajar para os Estados Unidos para tratamento, após líderes sindicais americanos terem se unido em seu apoio. Ele não está mais disposto a falar sobre seu tempo na prisão. "Aquele capítulo da minha vida acabou", ele diz.


Han, um homem com traços delicados e vestido de forma casual mas elegante, fala bem inglês. Ele está sentado em um escritório na Jervois Street, em Sheung Wan, um bairro agitado de casas de chá, oficinas e lojas estreitas. Impedido de voltar para Pequim, Han trabalha para seu país em Hong Kong. Seu "China Labour Bulletin" informa as condições nas fábricas, em canteiros de obras e nas minas na República Popular. Ele apresenta um programa da Rádio Ásia Livre, fala ao telefone com membros de sindicato na China sobre seus direitos e assegura representação legal.


O ex-revolucionário se tornou um homem dedicado a pequenos passos. "Não há sentido em tentar voar quando não se tem asas", ele diz. Ele abandonou a idéia de estabelecer um sindicato independente na China. "Meu sonho é um sistema que permita a negociação entre aos trabalhadores e empregadores. Sindicatos independentes então se desenvolveriam automaticamente."


O sacrifício dos estudantes valeu a pena? "Em 1989, eu nunca ouvi falar de greves", diz Han. "Elas são comuns hoje. Foi o início e temos que continuar."


Wu'er Kaixi, 41 anos, também fez parte do movimento de protesto de 1989. Um membro da minoria uigur, ele estava estudando para se tornar professor na época. Após a morte do popular ex-líder do partido, Hu Yaobang, em meados de abril de 1989, Wu'er e outros estudantes formaram a União Autônoma dos Estudantes de Pequim.


Um mês atrasado


Foi um passo extraordinariamente ousado na época. Após uma greve de fome, e ainda usando as roupas hospitalares, ele apareceu no Grande Salão do Povo, onde o primeiro-ministro Li Peng estava se encontrando com os estudantes enfurecidos. Quando o primeiro-ministro pediu desculpas pelo atraso, Wu'er o interrompeu rudemente, dizendo: "O senhor não está apenas cinco minutos atrasado, está um mês inteiro". Ele agora vive em Taiwan, onde ele e sua esposa taiwanesa têm dois filhos. Wu'er, que agora tem um passaporte taiwanês, engordou e agora corta o cabelo mais curto.


Mesmo 20 anos depois, o Partido Comunista ainda o pune por ter humilhado um alta autoridade diante de câmeras ao vivo. Os pais de Wu'er não são autorizados a deixar a China. Eles nunca viram seus netos, exceto em fotos, e a única comunicação com eles é um telefonema ocasional pela Internet. O próprio Wu'er, apesar de ter frequentado uma universidade americana, nunca realmente conseguiu se estabelecer profissionalmente, apesar de agora trabalhar para uma empresa de investimentos americana.


'Nós queremos a verdade'


Pouco antes do avanço das tropas em 4 de junho, diz Wu'er, um dos filho de Deng Xiaoping enviou para ele uma mensagem para alertar que os protestos terminariam em derramamento de sangue. "Eu perguntei a ele: 'O que você pode nos oferecer se nos retirarmos da Praça Tiananmen?'" Ele não obteve resposta.


Todavia, ele tentou convencer seus colegas a deixarem a praça, mas sem sucesso. Após o massacre, Wu'er fugiu para o sul, onde uma rede de dissidentes e empresários conseguiu levá-lo para Hong Kong. De lá, ele viajou para os Estados Unidos.


Wu'er planejava se encontrar com ex-ativistas em Washington às vésperas do 20º aniversário do massacre da Praça Tiananmen nesta semana. Ele nunca abandonou seu sonho de promover reformas políticas na China: Ele disse: "Não é possível viver no exílio sem esperança".


Enquanto isso, em Pequim, a ex-professora de filosofia Ding Zilin tenta manter viva a memória do massacre. Apesar de seu cabelo grisalho, ela se move com agilidade e elegância. A professora de 72 anos é a mais proeminente das "mães de Tiananmen". Mesmo hoje, ela luta para conter as lágrimas quando fala sobre os eventos.


'Viveu como um homem de verdade'


Ding, que vive no noroeste da capital chinesa, ainda é autorizada a receber visitantes, mas nem sempre é autorizada a deixar seu apartamento. Ela parece exausta e preocupada com seu marido, que está doente. "Em 26 de outubro do ano passado, a polícia realizou uma batida repentina em nosso apartamento. Depois daquilo meu marido teve um ataque cardíaco e ficou em coma por dois dias." Uma pintura a óleo de seu filho, Jiang Jielian, está pendurada na parede. Ele era um estudante de 17 anos quando morreu. Uma foto o mostra segurando uma placa nas mãos que diz: "Vocês cairão e nós permaneceremos". Uma urna de madeira contendo suas cinzas se encontra sob a foto. O pai gravou na urna: "Neste breves 17 anos, você viveu como um homem de verdade".


Na noite de 3 de junho, Jiang Jielian e alguns poucos amigos foram de bicicleta até a Praça Tiananmen. Diplomatas, jornalistas, policiais e professores já tinham se juntado ao movimento estudantil àquela altura, que não mais podia ser caracterizado como uma rebelião de jovens encrenqueiros, como o Partido Comunista continua insistindo até hoje.


Ding ainda era um membro dedicado do partido àquela altura. Mas em 4 de junho, quando as autoridades do partido se recusaram a divulgar os nomes das vítimas e as circunstâncias de suas mortes, ela e seu marido deram as costas ao Partido Comunista. "Nós queremos a verdade. Nós queremos indenização. Nós queremos que os responsáveis sejam julgados", ela diz. Ela publicou três livros, documentou meticulosamente as vidas das muitas vítimas e, juntamente com outras mães, apresentou repetidas petições à liderança do partido.


"O papel da China se tornou mais forte no mundo nos últimos anos", diz Din. Infelizmente, ela acrescenta, o governo agora deve dar menos atenção às críticas do exterior, especialmente desde que a campanha de educação patriótica teve início em 1989 e agora está dando frutos. Os estudantes de hoje, diz Ding, declaram sua solidariedade ao Partido Comunista quando, como aconteceu recentemente durante os Jogos Olímpicos, as críticas estrangeiras se tornam particularmente fortes. Ela está decepcionada com a nova geração. "Eles só se preocupam consigo mesmos e são materialistas. Eles boicotam bens japoneses, mas fazem fila diante do consulado americano para obtenção de vistos para a América."


Agentes da inteligência ficam espreitando diante de seu prédio. Um deles, que grava em vídeo os visitantes, é jovem e tem uma leve semelhança com o filho de Ding. Ele bem que poderia ter sido um daqueles que estavam protestando na Praça Tiananmen há 20 anos.



Andrew Jacobs


Ensopado de suor, com o coração em disparada, Chen Guang desceu a escadaria do Grande Salão do Povo da China e apontou o seu fuzil automático para a multidão de estudantes que ocupavam a Praça da Paz Celestial. Chen, à época um soldado de 17 anos que morava no interior, e os seus colegas tinham acabado de receber ordens terríveis: limpar o coração simbólico do país, mesmo que isso significasse derramamento de sangue.


"Nos garantiram que não haveria consequências legais se abríssemos fogo", recordou Chen durante uma entrevista na última terça-feira (2). "A minha única esperança era que os estudantes não resistissem".


Vinte anos após as tropas chinesas terem aberto caminho a tiros no centro de Pequim, matando centenas de pessoas e ferindo muitas outras, Chen forneceu uma descrição rara da operação militar repressiva que restabeleceu a supremacia do Partido Comunista após seis semanas de protestos de massa. Uma operação que, a seguir, para a maioria dos chineses, desapareceu dos registros em uma campanha oficial para apagar o episódio da memória.


Falando publicamente pela primeira vez - e desafiando as autoridades de segurança que ordenaram que ele permanecesse calado - Chen explicou como, em 3 de junho, os soldados do 65º Grupo do Exército, usando roupas civis, infiltraram-se secretamente no Grande Salão na borda oeste da Praça da Paz Celestial. À meia-noite, com cinturões de munição cruzados sobre o peito, eles enfrentaram os manifestantes. O ar estava repleto dos cantos de protesto dos estudantes e do som de disparos de armas de fogo. "Posso assegurar que não atirei em ninguém", afirma ele.


Atualmente ele é artista e também, até certo ponto, um contestador, que mora na periferia de Pequim. Chen diz que passou os 20 anos seguintes suprimindo as memórias daquele dia. Mas no ano passado ele começou a trabalhar em uma série de pinturas baseadas em centenas de fotografias, tiradas a pedido da sua unidade militar quando ele encontrava-se na praça. Elas incluem imagens embaçadas de manifestantes invadindo um ônibus público, estudantes exuberantes fazendo uma passeata com faixas pró-democracia e soldados destruindo em fogueiras os acampamentos abandonados.


"Durante 20 anos eu tentei sepultar esse episódio, mas quanto mais velho eu fico, mais essas coisas emergem", explica ele, enquanto fuma um cigarro atrás do outro no seu apartamento. "Creio que chegou o momento de compartilhar as minhas experiências e a minha verdade com o resto do mundo".


Ao tornar públicas as suas experiências através da sua arte, Chen corre o risco de provocar as autoridades, que estão ansiosas por suprimir o debate sobre o incidente e apagar o 4 de junho da memória pública. Nas últimas semanas, à medida que se aproximava o aniversário da operação repressiva, a polícia deteve dissidentes que ela temia que pudessem atrair atenção para o 4 de junho. Na primavera passada, Zhang Shijun, um ex-soldado do norte da China, foi preso após ter dito à agência de notícias "Associated Press" que se arrependia do papel que desempenhou no esmagamento dos protestos pela democracia.


No verão passado, após as galerias locais terem se recusado a exibir os seus quadros, Chen as colocou na Internet. Porém, em uma questão de horas as imagens foram retiradas da web.


Chen, um homem franzino de voz suave e sem emoção, afirma não estar preocupado com as consequências caso se pronuncie, ainda que tenha recebido advertências para que não mostrasse os seus quadros para ninguém. "Não estou fazendo nada de errado. Só estou falando sobre as minhas experiências", diz ele.


Chen, que cresceu na província rural de Henan, como filho de um gerente de fábrica, deixou a escola secundária aos 15 anos por ser, segundo ele diz, um mau aluno. Ele queria ser artista, mas todos lhe diziam que essa não seria uma maneira prática de ganhar a vida. "A pressão da minha família tornou-se tão intensa que eu decidi me alistar no exército", conta ele. Como para se alistar é necessário ter pelo menos 18 anos, ele mentiu a respeito da idade.


Menos de um ano depois, em meados de abril, Pequim estava conflagrada pelos protestos desencadeados pela morte de Hu Yaobang, o líder do Partido Comunista que foi obrigado a renunciar para assumir a responsabilidade por aquilo que alguns líderes rivais consideravam reformas econômicas e políticas descuidadas.


Isolado no seu quartel que ficava três horas ao norte da cidade, Chen contou que ele e os outros soldados pouco sabiam a respeito dos protestos. "Só sabíamos aquilo que os oficiais militares nos diziam: que indivíduos ruins estavam tentando destruir a nação e que isso estava sendo feito com a morte de mártires", recorda o ex-soldado.


Em 19 de maio, eles receberam ordens de entrar na cidade. Mas a rota estava bloqueada por multidões de estudantes e moradores de Pequim que apoiavam os manifestantes. Durante dois dias as tropas ouviram explicações de manifestantes e foram alimentadas por eles, enquanto os líderes militares do país discutiam o que fazer.


No terceiro dia, a unidade retirou-se, mas Chen diz que o episódio o deixou confuso. "Nos disseram que aqueles eram indivíduos ruins, mas os estudantes pareciam ser honestos e francos", conta ele.


Após passarem quase duas semanas isolados no quartel, os soldados receberam trajes civis e ordens para infiltrarem-se no Grande Salão em grupos de dois ou três. Chen conta que essa missão foi bem mais enervante. Ele disse que foi o único passageiro em um ônibus com o dobro do comprimento normal cujas cadeiras foram removidas para dar lugar a armas e munições.


Famintos e apavorados, os soldados, em sua maioria adolescentes, aguardaram no interior do Grande Salão enquanto os comandantes militares, observando a situação de uma janela de segundo andar, elaboravam a estratégia de ataque. Por volta de meia-noite, a energia elétrica da praça foi cortada e os soldados desceram as escadas em direção à rua. A fim de assustar os estudantes, fazendo com que fugissem, os homens foram instruídos a atirar para o alto. A tática teve o efeito desejado.


Por volta das 2h, dezenas de milhares de estudantes choravam e cantavam a Internacional aglomerados na praça. Pouco tempo depois, veículos blindados entraram na área. Um deles investiu contra a Deusa da Democracia, uma estátua de papel machê que estudantes de arte tinham feito alguns dias antes. "Foram necessários três golpes para que a estátua caísse", contou Chen.


A maioria das mortes, segundo várias testemunhas do incidente, ocorreram nas ruas que levavam até a praça, e não na praça em si.


Menos de um ano após a operação repressiva, Chen inscreveu-se em uma escola militar de artes, e a seguir conseguiu ser transferido para a Academia Chinesa de Belas Artes. Em 1995, ele deixou o exército. Naqueles anos, Chen sentia-se atraído pela fotografia e pelas artes dramáticas, e criou um trabalho lúrido e provocante.


Ele passou meses filmando prostitutas e tirou fotos de si próprio fazendo sexo na Grande Muralha da China. Ele também produziu uma série de fotos de conteúdo sexual explícito de si mesmo posando com um velho intelectual que foi perseguido pelo Partido Comunista. "Eu desejava me retratar como um indivíduo que tinha uma conexão visceral com a tumultuada história da China", disse Chen.


Embora nenhum dos seus trabalhos iniciais diga respeito diretamente à Praça da Paz Celestial, ele afirma que grande parte deles foi influenciada pelo trauma que teve lá. "Mesmo se for difícil perceber uma conexão, tudo o que faço é motivado por aquela experiência", afirma. Chen disse que viu soldados ensanguentados devido a pedradas e um manifestante agredido por soldados com coronhadas de fuzil na cabeça.


Mas a imagem que mais o assombra é bem mundana. Quando limpava a praça naquela manhã, ele viu uma bela mecha de cabelo em forma de rabo de cavalo em meio aos restos de bicicletas esmagadas e cobertores embolados. A mecha de cabelos, amarrada com uma tira roxa, foi cortada de forma grosseira, talvez em um ato de protesto, mas possivelmente como resultado de algo mais sinistro. "Foi uma imagem chocante. Não consigo deixar de pensar naquele cabelo e no motivo pelo qual ele foi cortado", afirmou Chen.


Nos últimos meses, ele produziu uma série de auto-retratos. Em cada um deles, o seu pescoço, ombros e peito estão cobertos de fragmentos de cabelo. Ele corta o próprio cabelo uma vez a cada um ou dois anos, e depois armazena o material no seu apartamento. Até agora ele encheu o equivalente a 24 latas de café, como matéria-prima para um futuro projeto.


Ele diz que faz os seus trabalhos mais intensos todo mês de junho, mais ou menos na mesma ocasião em que é atingido por uma terrível dor de estômago. Chen conta que trata-se da mesma dor que sentiu pela primeira vez na praça.


Foi por volta desta época no ano passado que Chen decidiu rever as fotos que tirara duas décadas antes. Pouco antes do início do ataque, o comandante de Chen deu a ele uma câmera e 20 rolos de filme e lhe ordenou que tirasse fotos à vontade. Quando voltou para entregar o filme ele escondeu três rolos no bolso.


Ele diz que as fotografias o inspiraram a falar sobre um assunto que poucos na China se importam - ou ousam - em abordar. As suas pinturas são retratos artísticos da história, insiste ele, e não expressões do certo ou do errado. As imagens são em grande parte destituídas de emoções, embora Chen as tenha produzido em um tom de azul lavado e melancólico.


"Não tenho arrependimento por aquilo que fiz", afirma Chen. "Mas sinto que essa tragédia poderia ter sido evitada. Talvez se começarmos a falar sobre esse fato possamos impedir que ele volte a ocorrer".
Praça da Paz Celestial, 20 anos depois: governantes modernos adotam silêncio herdado


Em janeiro, o governo chinês libertou Liu Zhihua, um dos prisioneiros condenados por "hooliganismo" nos protestos de 1989 que culminaram com o massacre da praça de Tiananmen em Pequim.


Liu tinha 24 anos quando ajudou a organizar uma greve na fábrica na qual trabalhava na cidade natal de Mao Tsetung, na província de Hunan. A greve na empresa estatal de mais de 10.000 trabalhadores era contra a supressão violenta das manifestações pela democracia.


O crime de Liu foi incitar multidões com discursos contra o governo. Ele passou 20 anos na prisão, mesmo depois da China remover o crime de "hooliganismo" da lei em 1997.


Até hoje, o governo chinês insiste que o movimento pela democracia de 1989 foi um conflito contra-revolucionário e defende a repressão aos manifestantes pacíficos em Pequim e em outras partes da China na qual centenas - provavelmente milhares - foram mortos pelo Exército da Libertação do Povo.


Para aqueles fora da elite governante chinesa talvez seja difícil entender por que o governo insiste em dizer que lidou corretamente com o incidente, apesar da morte de manifestantes desarmados e transeuntes inocentes.


Depois do incidente, por mais de uma década, a China foi governada por homens diretamente envolvidos na decisão de enviar tanques, tais como o ex-primeiro-ministro Li Peng e outros elevados aos seus cargos como resultado do conflito, inclusive o ex-presidente Jian Zemin.


Muitos de seus sucessores no poder hoje não são diretamente associados aos eventos de 20 anos atrás, mas não demonstraram a menor inclinação pela reavaliação ou reconciliação.


Um porta-voz do Ministério de Relações Exteriores reiterou recentemente a posição oficial que a repressão do movimento pavimentou o caminho para o sucesso econômico. "Os fatos provaram que o caminho socialista com características chinesas que perseguimos está no interesse fundamental de nosso povo e reflete as aspirações de toda a nação", disse Ma Zhaoxu, em resposta à questão de um repórter estrangeiro.


"Na China, os atuais líderes não têm razão para mudar o veredicto de seus predecessores, porque sua legitimidade está em sua herança", disse Bao Tong, a mais alta autoridade presa pelos protestos de 1989. Ele passou os últimos 20 anos em prisão domiciliar.


Bao alega ter organizado a publicação das memórias póstumas de Zhao Ziyang, ex-presidente do Partido Comunista que foi expulso por apoiar os protestos de 1989. Zhao morreu em 2005, tendo passado 16 anos sob prisão domiciliar, mas seu pedido pela reavaliação da "grande tragédia" do massacre de Tiananmen atingiu um ponto sensível.


Um grupo pequeno, mas determinado de intelectuais liberais questionou a insistência do governo que o massacre de manifestantes pacíficos e desarmados foi uma precondição necessária para o crescimento econômico rápido.


Em um subúrbio de Pequim no mês passado, houve um seminário clandestino depois divulgado na Internet no qual acadêmicos proeminentes pediram uma discussão pública e a reavaliação do massacre de Tiananmen. "Quais são os impactos negativos que trouxemos à nossa sociedade por causa de nosso silêncio nos últimos 20 anos?", indagou Cui Weiping, professor da Academia de Cinema de Pequim.


"Qual dano esse silêncio fez ao nosso espírito nacional e moral?"


As notícias do seminário na Internet foram rapidamente bloqueadas pelos censores.


Hoje, 20 anos depois, a imagem de um homem diante de um tanque na avenida da Paz Eterna mal é reconhecida na China e conversas sobre mudar o veredicto oficial são restritas a reuniões secretas de acadêmicos liberais. Os líderes do Partido Comunista temem que uma discussão levante questões sobre sua legitimidade.


As manifestações em 1989 se concentraram em pedidos por liberdade política e pelo fim da corrupção oficial, duas questões com as quais o partido tem dificuldade de lidar até hoje.


"Os supressores de 4 de junho tinham armas pesadas, mas não tinham noção da história", disse Xu Youyu, professor de filosofia da Academia Chinesa de Ciências Sociais, àqueles reunidos no mês passado. "Massacrar civis é rir da justiça e com esse ato os líderes perderam toda legitimidade."


Trinta presos


Estima-se que cerca de 30 pessoas ainda estejam presas por ofensas cometidas nos protestos na China em 1989. Dos libertados, ao menos oito e provavelmente mais foram presos novamente, em geral acusados de ativismo político ou de defender direitos humanos. Os condenados por sabotagem contra-revolucionária, "hooliganismo" e incêndios propositais foram condenados à morte ou à prisão perpétua.

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sábado, 30 de julho de 2011

Centencia - Pena de castração...



Por: Antonio Carlos Ghirelli

Pena de castração...


Uma sentença inusitada, de 1883, Alagoas

         O des. Antonio Raphael Silva Salvador, presidente do Conselho Consultivo, Orientador e Fiscal da Apamagis, trouxe ao conhecimento dos leitores do Tribuna da Magistratura uma inusitada sentença, datada de 1883, em que a pena imposta foi de castração.

        O texto e a citação em latim, na parte final da sentença, "são de arrepiar", afirmou o des. Raphael Salvador. Basta ler para crer. "Embora muitos digam o contrário, a sentença não foi proferida no tempo em que eu judicava e nem fui colega do juiz municipá (sic) que a proferiu."

         Conheça, a seguir, o teor da sentença, transcrita conforme a redação original.

A Centencia.

       Visto e inzaminado estes autos, etc. - O adjunto de promotor público arrepresentou contra o suplicante caba Mané Duda, pruvia de no dia 11 do mez do Sinhor de Santana, quando a mulher do Chico Bento ia para a fonte, já perto della, o supradito suplicante que estava de tocaia numa moita de mato, saiu della de supetão e fez proposta a dita mulher por quá ruia brocha pra coza que não póde trazê a lume, e como ela não se arrizolvesse e se arricuzasse, o dito cujo, num inzecutivo abrofelou-se com ella deitou-Ia no chão, deixando as encomendas della de fóra e ao Deus dará, e não conseguiu matrimonio a refem della gritar e vim em assucorro della os vizinhos Nocreto Correa e Quelemente Barbosa, que prenderam o dito cujo indivíduo como incurso nas penas do matrimônio apruco e sucesso pruquê a sobre dita mullié tava pejada e com assucedido deu a luz um menino macho que nasceu morto. As tistimunhas é de vista pruquê chegaro no sufragante e bisbaro a preversidade do outras é tistimunha in avaluemo e assim: Cunsidero que o cabra Mané Duda agrediu a mulhé de Chico Bento, por quá ruia brocha para coxambrá com ella coizas que só o marido della competia coxambrá pru via de serem casados pelo rijume da Santa Madre Igreja.

       Cunsidero que o cabra Duda deitou a paciente no chão e quando ia coxambrá suas coxambranças viu todas as encomendas della, que só o marido della tinha o direito de vê. Considero que paciente tava pojada e que em consequencia do assucedido deu a luz um memno macho que nasceu morto.

       Cunsidero que a morte do menino trouxe prejuizo a herança que podia tê quando o pai delle ou a mãi infalecesse.

       Cunsidero que o arrepresentado cabra é supricante debochado que nunca sôbe arrespeitar as familia dos seus vizinhos, tanto que ia fazê coxambranças com a Quitoria e a Quilarinda que é moças donzelas e que não conseguiu pru via dellas reprivia de sua patifaria e deboche.

       Cunsidero que o cabra Mané Duda é sujeito pirigoso e que se não tivé uma coza que ateie a pirigança delle, amanhã tá fazendo assumbração inté nos home, pruvia de sua patifaria e deboche.

       Cunsidero que o cabra Mané Duda está em pecado mortá pruquê nos mandamentos de nossa Santa Madre Igreja é impruibido a gente desejá a mulhé do procimo e elle adesejou.

       Cunsidero que S.M. Imperiá a quem Deus guarde, e o mundo inteiro, precisa ficar livre do cabra Mané Duda, pra seculo seculorum amen, a refem dos deboches e servengonhezas por elle praticado é pra que femea e macho não seja mais por elle incomodado.

       Cunsidero que o cabra Mané Duda é tão sem veriuz que assustentou todas as servengonhenzas e ainda pisquim e isnoga das encomendas de sua vitima. Cunsidero que o cabra Mané Duda precisa pelas lezes ser botado em rijume. Cunsidero que esse rijume a mim Juiz Municipá compete botá.

        Posto que CONDENO o cabra Mané Duda pelo maleficio que fez a mulhé do Chico Bento e outros maleficios iguá a ser capado, capadura que será feita a macete cumo se faz com os animá do folgo. A inzecução desta pena será feita na cadeia desta villa. Anumeio inzecutô o carcereiro. Feita a capação, dispois de vinte dias o mesmo carcereiro sorte o supra cabra para que vá simbora in paiz. O nosso priô acumselha: Homine debochato, debochatus mulherorum, invocabus est. Quibus capare et capatus est macete macetorum carrascuas sine fato negare pote.

        Cumpra-se e pregue-se nos lugares pubricos pra ciência dos interessados. Apelho insofico desta centencia pra o Meretriz Dr. Juiz de Direito desta Comarca.


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sábado, 23 de julho de 2011

A ATUAÇÃO DA MAÇONARIA NA REVOLUÇÃO 1932


Em 1932 o Brasil vivia sob o regime implantado pelo golpe de 1930, e os  Paulistas, sobretudo os dirigentes do PRP- Partido Republicano Paulista, não se conformavam com o resultado da Revolução de 1930.

A nomeação de um não paulista [João Alberto] como interventor de São Paulo,  foi a gota  d'água para o desencadeamento de uma grande propaganda contra o governo  federal, na qual se destacavam lemas como:

- "São Paulo conquistado!!", "São Paulo dominado por gente estranha!",  "Convocação imediata da Constituinte!", "Tudo pela Constituição!" etc...  etc…

A onda de agitação e descontentamento prosseguiu, e mesmo diante da promessa de eleições, nova  Constituição e a nomeação de interventor paulista para São Paulo, o Estado se levanta contra a Revolução de 30.

A Maçonaria participou ativamente da Revolução de 1932, como outrora, já havia atuado nos destinos de nossa nação, e sempre discretamente deixando sua marca.

Já a partir do início de 1931, da pena do advogado, jornalista e tribuno Ibrahim Nobre, maçom da Loja Fraternidade de Santos, saia à críticas mordazes contra o golpe e a situação social, que eram publicadas no jornal paulista "A Gazeta".

No início de 1932, o pensamento da população de São  Paulo seria cristalizado na expressão "Civil e Paulista", repetida pelos meios de comunicação, externando o desejo de ter um interventor federal que não fosse militar e que fosse de São Paulo.

A 3 de março, ouvindo o clamor dos paulistas, o ditador nomeava, para o cargo, o embaixador Pedro de Toledo, Maçom, ex-Grão-Mestre do Grande Oriente Estadual (1908-1914), o qual  assumiria no dia 7. Essa
indicação, todavia, não serviu para aliviar o mal estar e a tensão reinantes em diversos pontos do país, começando, dessa maneira, a fermentar a revolta.

As reuniões preparatórias do movimento foram levadas a efeito na sede do jornal "O Estado de S. Paulo", pelos maçons Américo de Campos (Loja América), Francisco Rangel Pestana (Loja América), Manoel Ferraz de Campos Salles (Loja Sete de Setembro) e José Maria Lisboa (Loja Amizade).

Nessa época, o jornal já era dirigido pelo Júlio de Mesquita Filho (Loja União Paulista), que era um dos principais líderes do movimento.

O estopim da revolta já havia sido aceso a 23 de Maio 1932, quando durante uma  manifestação na Praça da República, alguns jovens – MARTINS, MIRAGAIA,  DRÀUSIO e CAMARGO, cujos nomes deram origem ao M.M.D.C. foram  mortos pela polícia política da ditadura.

São Paulo já possuía um governante civil e paulista, de modo que a grande reivindicação foi mesmo a  promulgação da nova constituição.

Em reunião realizada no dia 7 de julho, com a presença de Francisco Morato, General Ataliba Leonel, Sílvio de Campos, Coronel Júlio Marcondes Salgado e General Isidoro Dias Lopes, ficou decidido que o levante aconteceria no dia 20, sob o comando de Isidoro e do coronel Euclides Figueiredo. Pedro de Toledo ainda tentou evitar a revolta, mandando seu genro ao Rio de Janeiro, no dia 8, para conferenciar com Vargas.

Todavia, em nova reunião, nesse dia, resolveu-se deflagrar o movimento no dia 09, antes que chegasse a São Paulo o Gal. Pereira de Vasconcellos, para assumir o comando da 2ª  Região Militar.

A 9 de julho, um sábado, a revolta constitucionalista estava nas ruas. O movimento eclodiu às 11:40h , sob o comando de Euclides Figueiredo, com a tomada do Q.G. da 2ª Região Militar. No mesmo dia, às 23:15h , as sociedades de rádio eram tomadas por civis.

No dia 10, o interventor Pedro de Toledo era aclamado, pelo povo, pelo Exército e pela Força Pública, como  Governador de S. Paulo!!!

A 14 de julho, convocada pelo Grão-Mestre estadual de S. Paulo, José Adriano Marrey Júnior, houve uma reunião dos Veneráveis das Lojas da Capital.  Nessa reunião, foi solicitado o apoio das Lojas à causa paulista, o auxílio às famílias dos maçons, que tivessem seguido para as frentes de batalha, e a colaboração de todos os maçons, que pudessem tomar parte, de alguma maneira, nessa luta por São Paulo.

Mas os Paulistas ficaram sós, não houve adesão das outras oligarquias dos demais Estados. Deixados sozinhos, na luta pela Constituição e pelo Brasil, os combatentes de S. Paulo, sem o esperado apoio de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul e, sem os recursos necessários, iriam resistir apenas durante três meses.

O bloqueio do porto de Santos e a grande concentração de forças federais, vindas de todos os Estados, venceram a resistência dos soldados paulistas, graças ao esgotamento de seus recursos.

Getúlio vence a Revolução, mas mesmo assim o governo percebeu que era difícil governar sem as oligarquias paulistas. Para não  perder o poder, Vargas convoca uma Constituinte visando a conciliar as diversas tendências.

Em julho de 1934, foi promulgada a nova Constituição brasileira, pela qual lutara S. Paulo e a Maçonaria em 1932.

 A ARLS Cavalheiros do Sul  de Piraju-SP quer prestar  uma homenagem aos  Irmãos que participaram da Revolução Constitucionalista de 1932, lembrando  que a região de Piraju foi palco de vários confrontos entre os paulistas e  as forças do exercito Gaucho, fiel a Getulio.

Seria bom lembrar que o General Ataliba Leonel, ícone da Revolução, foi o primeiro Venerável  da Loja Cavalheiros  do Sul  ( 1901),  tendo vivido por muito tempo em Piraju, onde faleceu  no dia 29 de Outubro
de 1934 deixando  vários descendentes. O tumulo onde foi sepultado no cemitério da cidade, é uma obra de arte,  tombado pelo patrimônio histórico  Pirajuense.

Fonte de pesquisa – A maçonaria e sua política secreta-  José Castelhani – Piraju –Memórias Políticas – Miguel Cáceres – Consultas em artigos na Internet

Parabéns aos nossos Heróis Paulistas !!!

Lutaram com garra e amor pelo Brasil contra a verdadeira ditadura de Getúlio Vargas ,senhor que rasgou nossa constituição.

Nossos Heróis Paulistas não pleiteavam terras, empregos, estatus, cargos no governo, somente o respeito à nossa CONSTITUIÇÃO.

Às duras perdas humanas, nossos Bravos conseguiram mobilizar o Brasil, e fazer valer nossa Carta Magna.

PARABÉNS AOS CONSTITUCIONALISTAS !!!!!!

Aos que ainda estão vivos deve ser uma decepção ver o que acontece hoje.

Aos que tombaram  e deixaram nosso solo sagrado com seu sangue, felicidade de tombar por uma causa justa, e não ter que presenciar que seu ideal foi em vão.

Parabéns Srs: Ex-Presidente Lula, PresidentA Dilma, Senadores, Deputados, Governadores, Prefeitos e Vereadores, por usarem nossa CARTA MAGNA , onde milhares deram suas vidas, como papel higienico.

Enquanto tudo isso acontece descaradamente, nos fazem de palhaços, idiotas e otários que somos…

CHEGA….de achar que vivemos num Estado Democratico de Direito.
CHEGA….de achar que jovens assassinos de 15 anos ou menos são crianças.
CHEGA …de achar que as drogas devem ser descrimilizadas.
CHEGA... de pagar altos impostos para nossos desgovernantes passearem.
CHEGA... de ver nosso idosos, homens que costruiram esse pais, morrerem a mingua numa fila de hospital.
CHEGA….de ver nossa única esperança ser sucateada com esta sendo as nossas Forças Armadas
CHEGA… de corrupção e desmandos.
CHEGA…CHEGA mesmo de ser cordeiros e bocas de privada.

Por: Edson Fernando S. Sobrinho

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CARTA DE ABRAHAN LINCOLN AO PROFESSOR DO SEU FILHO



"Caro professor, ele terá de aprender que nem todos os homens são justos, nem todos são verdadeiros, mas, por favor, diga-lhe que, para cada vilão há um herói, que para cada egoísta, há também um líder dedicado, ensine-lhe, por favor, que para cada inimigo haverá também um amigo, ensine-lhe que mais vale uma moeda ganha que uma moeda encontrada, ensine-o a perder, mas também a saber gozar da vitória, afaste-o da inveja e dê-lhe a conhecer a alegria profunda do sorriso silencioso, faça-o maravilhar-se com os livros, mas deixe-o também perder-se com os pássaros no céu, as flores no campo, os montes e os vales.

Nas brincadeiras com os amigos, explique-lhe que a derrota honrosa vale mais que a vitória vergonhosa, ensine-o a acreditar em si, mesmo se sozinho contra todos.

Ensine-o a ser gentil com os gentis e duro com os duros, ensine-o a nunca entrar no comboio simplesmente porque os outros também entraram.

Ensine-o a ouvir todos, mas, na hora da verdade, a decidir sozinho, ensine-o a rir quando estiver triste e explique-lhe que por vezes os homens também choram.

Ensine-o a ignorar as multidões que reclamam sangue e a lutar só contra todos, se ele achar que tem razão.

Trate-o bem, mas não o mime, pois só o teste do fogo faz o verdadeiro aço, deixe-o ter a coragem de ser impaciente e a paciência de ser corajoso.

Transmita-lhe uma fé sublime no Criador e fé também em si, pois só assim poderá ter fé nos homens.

Eu sei que estou pedindo muito, mas veja o que pode fazer, caro professor."

Abraham Lincoln, 1830

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segunda-feira, 18 de julho de 2011

Janio da Silva Quadros - O Estadista


O amigo Nelson Valente lançou mais um livro, com o título: " Janio da Silva Quadros -  O Estadista"
Este livro é mais um complemento da grandiosa obra sobre o presidente mais marcante da história política de nosso país.

O advogado e professor Jânio da Silva Quadros pode ser considerado um dos maiores fenômenos políticos da história brasileira.

Em apenas treze anos, de 1948 a 1961, galgou todos os degraus possíveis da carreira política, de vereador na cidade de São Paulo à Presidência da república.

Para incentivar a sua curiosidade, vou deixar aqui apenas a capa desta magnifica obra (acima) e um pequeno resumo do autor (abaixo), que lançará este livro oficialmente nos dias 19 e 20 de agosto, que aconselho você a procurar nas principais livrarias.

" Corri bibliotecas, colhi depoimentos, li e reli centenas de revistas e jornais antigos e conversei muito com o próprio personagem. O ex-presidente sempre foi comigo por demais atencioso, relatou-me fatos que hoje tenho por obrigação passar através deste livro:- Entrevistas e bilhetinhos revelam as várias facetas e o estigma da renúncia do político Jânio da Silva Quadros.

O futuro presidente já tinha por hábito escrever a colegas e subordinados. Foi por meio de uma carta escrita por ele em 1961 e entregue ao Congresso Nacional que Jânio deixou a Presidência. Para a renúncia, há mais de dezoito versões diferentes. As minhas pesquisas indicam que o ex-presidente Jânio da Silva Quadros tentou renunciar pelo menos onze vezes nos mesmos moldes e uma tentativa de deposição em toda a sua vida pública.

Nos sete meses de governo, Jânio Quadros despachou cerca de quinhentos "bilhetinhos", como são chamados popularmente. Os bilhetinhos foram combatidos, mas temidos e respeitados. Neles se observa o humano e o sentido de humor de Jânio Quadros. Os célebres "bilhetinhos" só o eram para o público, pois para JQ, eram despachos, papeletas ou memorandos altamente enérgicos e exigentes. Essas ordens escritas foram cognominadas "bilhetinhos" por um jornal de São Paulo, com o intuito de depreciá-los, mas o efeito foi contrário, e eles ganharam a notoriedade e a importância que realmente importava.

Dizia-se que Jânio inspirara-se em Churchill quando deliberou utilizar-se do sistema dos bilhetinhos. Outros declararam que ele se inspirou em personalidade mais próxima, Getúlio Vargas, que os enviou ao seu antigo chefe da Casa Civil, Sr. Lourival Fontes.

Para não desmerecer sua biografia, recheada de renúncias, também desta vez Jânio abandonou a Prefeitura dez dias antes de completar o mandato, viajando para Londres. E os últimos dias de governo foram administrados por seu Secretário de Negócios Jurídicos, Cláudio Lembo (ex-governador do Estado de São Paulo). O objetivo deste livro é demonstrar que a renúncia de Jânio da Silva Quadros foi um ato pessoal e suas entrevistas e seus bilhetinhos revelam o estigma e suas várias facetas na arte de renunciar. "

Boa leitura.

Um grande abraço

Giba

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quarta-feira, 13 de julho de 2011

RETROSPECTIVA DA HISTÓRIA POLÍTICA BRASILEIRA


(*) Por: Nelson Valente

CRISE REPUBLICANA

Golpe de 1891

Prometendo convocar novas eleições e fazer uma revisão na Constituição, Deodoro da Fonseca fecha o Congresso em 3 de novembro de 1891. Pressionado pela oposição é obrigado a renunciar vinte dias depois.

Guerra de Canudos
 
O líder messiânico Antônio Conselheiro funda no interior da Bahia o arraial de Canudos e defende a volta da monarquia.
Depois de quatro expedições oficiais, a última delas enviada pelo Presidente Prudente de Moraes, em 1897, o governo consegue arrasar a cidade e matar Antônio Conselheiro.

Revolta tenentista

Na década de 20 explodem revoltas de militares insatisfeitos com as oligarquias da República Velha.
Um de seus líderes é Luiz Carlos Prestes.
Em 1924, os tenentistas tomam a cidade de São Paulo, mas são rechaçados por tropas do governo Arthur Bernardes.

Revolução de 1930

Nas eleições para a sucessão do Presidente Washington Luiz, Getúlio Vargas perde para o candidato governista, Júlio Prestes.
Alegando fraude na votação, os getulistas promovem rebeliões em vários Estados até tomar o poder.

Suicídio de Vargas

No dia 5 de agosto de 1954, pistoleiros tentam assassinar o jornalista Carlos Lacerda, líder da oposição. Acusado de ter ordenado o atentado e pressionado por pedidos de renúncia, Getúlio Vargas suicida-se, no dia 24 de agosto (forças ocultas).

Renúncia de Jânio

Jânio Quadros assume a Presidência em janeiro de 1961.
Condecora Che Guevara com a Grã-Cruz do Cruzeiro do Sul e, sem maioria no Congresso, enfrenta dura oposição a seu governo e às principais reformas.
Renuncia em 25 de agosto (forças terríveis).

Revolução de 1964

Os militares depõem o presidente João Goulart em março de 1964. Em 1968, o Ato Institucional n° 5 fecha o Congresso e cassa o mandato de vários Deputados.

A morte de Tancredo

Tancredo Neves ganha a eleição para Presidente no Colégio Eleitoral, derrotando seu principal oponente, Paulo Maluf e em 1985.
Morre antes de tomar posse e quem assume o governo é o vice, José Sarney.

Impeachment de Collor

Sem maioria no Congresso Nacional, isolado, Fernando Collor, envolvido em uma campanha de desmoralização, como aconteceu com Getúlio Vargas e Jânio Quadros, leva Fernando Collor a renunciar diante das "forças daltônicas" à Presidência da República.
O Congresso Nacional recusa sua renúncia, porque havia um processo de impeachment contra o presidente Fernando Collor de Mello, o vice, Itamar Franco assume.

O LADO CARICATO DOS PRESIDENTES

O vaidoso

Campos Salles demonstrava preocupação excessiva com as roupas e a aparência pessoal.
Seus inimigos o chamavam de "pavão" e baiacu" (um peixe quando tocado incha).

O dorminhoco

A conhecida sonolência de Rodrigues Alves desde que ele foi ministro da Fazenda de Prudente de Moraes, divertindo os caricaturistas que o retratavam de gorro e camisolão.

O azarado

Hermes da Fonseca tinha a fama de não ter sorte: "pé frio".
Certa vez depositou o dinheiro de um empréstimo oficial num banco russo que foi encampado pela revolução socialista e nunca honrou o depósito.

O nepotista

O cearense José Linhares, que assumiu em substituição à Getúlio Vargas, em 1945, gostava de empregar a família no governo.
Em três meses de mandato, nomeou tantos parentes que o povo dizia: "Os Linhares são milhares".

O dançarino

Juscelino Kubitschek merecia o apelido "pé-de-valsa".
Adorava serestas e não era difícil que embalasse a noite toda, dançando até as 5 da manhã.

Domador de Massas

Ninguém na história deste País arrebatou multidões tão apaixonadas, mão levantadas em aplausos e tão plenas de esperanças quanto ele. 
Tudo era ao vivo. 
Suas maneiras de convencimento eram devastadoras. 
O comício era o grande cenário; ele, o próprio espetáculo. 
Ele foi o nosso primeiro e grande comunicador político a utilizar técnicas não convencionais. 
Carregava nos tons da voz, que levantava no exato instante os temas da paixão. 
Despertava o ódio, açulava a revolta, levando multidões ao delírio. 
Em seguida, suavemente dizia o que todos queriam ouvir: a mensagem salvadora. 
A multidão, aquele mar agitado, parava para escutá-lo, subjugada. 
Assim era Jânio da Silva Quadros.

O esportista

Fernando Collor de Mello andou de jet ski, comandou um avião de caça, pilotou uma Ferrari a 200km por hora.
Também apareceu em público jogando futebol, vôlei, tênis e correndo.

O forreta

Fernando Henrique admite que é pão-duro.
Antes das eleições de 1994, contou que não tinha óculos reservas, simplesmente, porque não gostava de abrir a carteira para pagá-los.

A atuação das esposas dos Presidentes revela a trajetória da mulher na sociedade brasileira.
Eis algumas delas:

Ana Gabriela de Campos Salles – mulher de Campos Sales (1898-1902), sua preocupação eram os afazeres domésticos do Palácio do Catete.

Nair de Teffé – casada com Hermes da Fonseca (1910-1914), era avançada para o seu tempo.
Jovem e elegante, estudou na França, tocava violão, frequentava bares, foi a primeira mulher a trabalhar como caricaturista na imprensa brasileira, gostava de teatro e música popular, promovia saraus no palácio.

Darcy Vargas – desempenhou papel social importante no governo de Getúlio Vargas (1930-1945- e 1951-1954), criando instituições assistenciais como a LBA – Legião Brasileira de Assistência.

Sara Kubitschek – apesar de manter as aparências protocolares, enfrentou brigas com Juscelino Kubitschek (1956-1961). 
Companheira leal, mulher de pulso forte, jamais perdoou as aventuras amorosas de JK.

Eloá do Valle Quadros – esposa e companheira de Jânio da Silva Quadros, ela o incentivou a ingressar na política. 
Foi Presidente atuante da LBA – Legião Brasileira de Assistência. 
Acompanhou a vida política de seu marido de vereador a Presidente e, mesmo doente, esteve presente em seu último mandato como Prefeito de São Paulo. 
Segundo Jânio Quadros, foi D. Eloá quem o impeliu para a política. 
Ela foi sempre sua grande incentivadora. 
Jânio deve à D. Eloá e à sua mãe a vida pública. 
Ambas pareciam pensar pela mesma cabeça, pois, a concordância entre elas era absoluta. Sua mãe foi excelente e inesquecível.
Jânio gostava de contar como conheceu D. Eloá:
- "Meu pai era médico e há muitos anos foi atender uma menina que estava com crupe. 
Crupe era então, uma moléstia fatal. 
Os anos rolaram depois disso, eu não conhecia a menina em apreço. 
Certa vez, eu me encontrava na sacada de nossa casa, no alto do Cambuci, quando a menina, já mocinha, 16 ou 17 anos, entrou com os pais. 
Iam todos fazer uma visita aos meus. 
Estava uniformizada com o cordão roxo que marcava as quintanistas de ginásio. 
Eu me virei para um amigo que estava na minha companhia e lhe disse apenas: vou casar com esta moça. Desci, conheci-a, nosso namoro foi rápido, o noivado mais rápido ainda, cinco meses e casamos. 
Já nem sei há quanto tempo tenho estado casado.
Porque me parece que já nasci casado. 
Eloá foi sempre muito bonitinha, mas muito bonitinha mesmo e conservou os traços de beleza até o fim da vida, embora os cabelos inteiramente brancos. 
Não envelheceu no rosto, só nos cabelos.
Eloá foi sempre disciplinada, ordenada, uma excelente dona-de-casa. 
Ela sabia bordar, tecer e tocava piano muito bem, além de ter uma excelente conversa."
Jânio lecionava no Colégio Dante Aleghieri, um dos melhores e mais caros de São Paulo.
Os alunos desejavam que ele participasse das eleições a vereador, e D. Eloá passou a empurrá-lo para que ingressasse na política, afinal ele foi eleito, mais adiante, antes que terminasse o mandato, ele foi eleito Deputado, depois prefeito da capital, candidato a Governador, eleito Deputado do Estado do Paraná e depois eleito Presidente da República.
Quando Jânio renunciou à Presidência da República, não deu explicações à D. Eloá. 
Ele ligou para o Palácio, pediu para que ela arrumasse as coisas pois ele já não era Presidente e que o encontrasse no aeroporto. 
Ela não fez nenhuma observação. 
De certo porque acreditava no marido e porque sabia que sem a perda da dignidade, da honra Jânio não poderia continuar.
Se Jânio permanecesse na Presidência, iria se prostituir e seria mais um Presidente. 
Não um ex-Presidente. 
Seria mais um.

Maria Tereza Goulart – mais jovem e mais charmosa primeira-dama da História do Brasil; chegou ao poder aos 23 anos – era comparada com Jacqueline Kennedy. 
Pouco afeita à política, subiu apenas uma vez num palanque com o marido. 
Foi num comício em março de 1964, antes do golpe que derrubou João Goulart (1961-1964).

Yolanda Costa e Silva – religiosa, mulher de Costa e Silva (1967-1969) apoiou com entusiasmo a campanha de setores tradicionalistas contra uma suposta infiltração comunista nos meios católicos. 
Adorava moda e promoveu desfiles no palácio do governo.

Rosane Malta Collor – mulher de Fernando Collor de Mello (1990-1992) era forte, influente, muito elegante e moderna.

Ruth Cardoso – professora de antropologia, mulher de Fernando Henrique Cardoso (1995- ) sempre zelou pela privacidade familiar e pessoal. 
Investe seu tempo no Comunidade Solidária, um programa social que beneficia os municípios mais pobres do país.

ECONOMIA

1890 – Encilhamento

Na tentativa de diversificar a economia, restrita até então à agricultura, Rui Barbosa, ministro da Fazenda do governo Deodoro da Fonseca, promoveu uma reforma financeira, com estímulo ao crédito e à emissão de dinheiro, que ficou conhecida como "encilhamento". 
O efeito é negativo: ocorre uma febre de especulação na bolsa e uma onda de falências empresariais.

1898 – Saneamento de Campos Salles

Para sanear as finanças da República, abaladas com os gastos efetuados para conter as revoltas ocorridas no interior do país, Campos Salles negocia um empréstimo externo de 10 milhões de libras. 
A austera política consegue equilibrar as contas do Tesouro, mas mergulha o País na recessão. 
Ao deixar o governo, o Presidente é vaiado pelo povo.

1930 – Crise do Café

A produção de café no Brasil sobe a 28 milhões de sacas anuais, o dobro do que comporta o mercado externo. 
Para manter o preço do produto, o governo Vargas compra o excedente da produção e queima os estoques.

1961 – FMI apertando o nó

Jânio manteve-se silencioso durante os três meses entre a sua eleição e a posse.
Viajou para a Europa afastando-se da especulação sobre seus compromissos e programas.
Seus partidários reclamaram a prolongada ausência, achando que deveriam planejar um ataque ao caos econômico que as medidas adotadas por Juscelino, já no fim do governo.
O afastamento do Presidente eleito era típico do estilo político.
A situação financeira foi descrita como "terrível" – 2 bilhões de dólares de dívidas externas a serem pagas no seu período presidencial das quais mais de 600 milhões a serem saldados dentro de um ano. J. Quadros lamentou: "todo este montante esbanjado em tanta publicidade e que nós temos agora, que levantar pacientemente, dólar por dólar e cruzeiro por cruzeiro.
Temos gasto, confiando no futuro, mais do que a imaginação ousa contemplar". 
Atacou a administração Kubitschek em seu "favoritismo e nepotismo administrativo" e criticou seu predecessor pelo enorme déficit federal previsto para 1961.
O governo Quadros lançou imediatamente um programa antinflacionário, mais completo, tentado desde 1945-55. 
Em março, Jânio Quadros anunciou uma reforma do sistema cambial, simplificando as múltiplas taxas e desvalorizando o cruzeiro em cem por cento. 
Verificou-se uma drástica redução de subsídios para importações, tais como trigo e gasolina, tendo dobrado o preço do pão, aumentado o preço do ônibus e outros transportes. 
O Presidente fez novos investimentos no setor exportador a fim de ajudar a superar a "insuficiência crônica das exportações" brasileiras.
Essas reformas ajudaram para a aprovação do FMI, dando ao Presidente a renegociação das dívidas, coisa que Kubitschek não conseguira.
O novo Presidente começava então, a desenvolver o que pregara em sua campanha: uma restrição financeira dolorosa a fim de estabelecer as bases de um novo desenvolvimento. 
Embora a restrição de crédito, salários congelados e corte de subsídios de importação estivessem destinados a se tornar medidas impopulares, esse risco parecia possível dentro da euforia que cercava a área de Jânio no início de 1961.

1973 – Crise do Petróleo

Os países árabes produtores de petróleo, reunidos na OPEP quadruplicam o preço do barril. Os preços dos combustíveis disparam. O governo Ernesto Geisel investe no programa Pro-álcool.

1994 – Hiperinflação

Depois de 30 anos de inflação, o ministro da Fazenda de Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, lança o Plano Real. As medida surtem efeito. Quatro anos depois, a previsão de inflação anual é de apenas 2%.

1998 – Crise Financeira

Seguindo-se ao estouro da Ásia, o colapso da Rússia provoca pânico nos mercados financeiros mundiais. Contra os ataques especulativos, o governo Fernando Henrique Cardoso eleva os juros a 50% ao ano, mas os
dólares continuam fugindo do país.

RETROSPECTIVA

Na década de 40

A Segunda Guerra Mundial marcou toda a geração. 
A derrota do nazi-fascismo em 1945, após a explosão de bombas atômicas no Japão, acelerou no Brasil a queda da ditadura de Getúlio Vargas.
Tem início a Guerra Fria entre os EUA e a URSS.
No Brasil é instituído o salário mínimo (1940). 
Em 1946, criação do FMI (Fundo Monetário Internacional). 
A Índia conquista a independência em 1947. 
Criação do Estado de Israel em 1948. 
Em 1949, Revolução Comunista na China.

Na década de 50 

A invasão da Coreia do Sul pelos comunistas do Norte dá início à Guerra da Coreia (1950-1953), primeiro desdobramento da Guerra Fria. 
Nos EUA, começa o marcanthismo, ofensiva anticomunista.
No Brasil, o nacionalismo getulista cede lugar ao desenvolvimentismo de Juscelino Kubitschek. 
Getúlio Vargas se suicida (1954); Juscelino Kubitschek é eleito presidente (1955) e governa tendo como slogan "50 anos em 5". 
Fidel Castro toma o poder em Cuba (1959).

Na década de 60. 

Renúncia de Jânio da Silva Quadros (1961). 
Os militares derrubam João Goulart (1964) e iniciam um regime de "força" no país, contra uma possível ditadura comunista no Brasil e na América Latina. 
Em 13 de dezembro de 1968, o presidente Costa e Silva, através do Conselho de Segurança Nacional, edita o AI-5, que fecha o Congresso e suspende direitos políticos. 
Fracassa a invasão da baía dos Porcos, pelos EUA (1961). 
Assassinato de Kennedy, presidente dos EUA (1963).
Morte de Ernesto Che Guevara (1967).

Na década de 70. 

O país começa com a década sob o lema "Brasil, ame-o ou deixe-o" e termina com a volta dos exilados. Geisel inicia a abertura política (1974). 
EUA saem do Vietnã. 
Nixon renuncia após o Watergate.

Na década de 80. 

Os militares transferem o poder para os civis em 1985. 
Movimento pelas Diretas-já. 
Eleição de Tancredo Neves (1985).
Jânio da Silva Quadros é eleito pela segunda vez em São Paulo à Prefeitura da Capital (1985). 
Eleição de Fernando Collor (1989). 
A queda do muro de Berlim. 
Fracasso do Plano Cruzado (1986) e o Brasil enfrenta sua maior recessão.

Na década de 90. 

Fernando Collor toma posse e sofre impeachment em 1992. 
Eleição de Fernando Henrique Cardoso (1994). 
Na economia, o Plano Collor (1990) a poupança dos brasileiros. 
FHC – Plano Real (1994) controla a inflação. 
O presidente Fernando Henrique Cardoso, consegue colocar o país nos trilhos do desenvolvimento e da comunicação. 
Sua diplomacia, suprimiu as barreiras comerciais e consolidou o processo de globalização na economia internacional. 
Em 1998, Fernando Henrique Cardoso é reeleito por voto direto. 
Luiz Ignácio Lula da Silva é eleito Presidente da República. Lula é reeleito e elege a primeira mulher na história republicana brasileira, Dilma Rousseff.

(*) é professor universitário, jornalista, escritor e amigo inestimável

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