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Pouco apreço pela leitura

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Giba Net: Pouco apreço pela leitura

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Pouco apreço pela leitura

(*) Nelson Valente

O assunto é recorrente e retorna, quando estamos às voltas com a revolução da educação, discutindo sua gênese e os seus objetivos. Na educação superior, uma das provas mais importantes e decisivas do
exame ENEM/vestibular é a redação, primeira manifestação dos educadores no sentido de acabar com a prevalência das provas totalmente baseadas na múltipla escolha ( as famigeradas cruzinhas).

A conclusão é óbvia: sem leitura, como escrever adequadamente? O primeiro passo é mesmo a entrega de voluptuosa aos livros, sobretudo os nossos clássicos, sem esquecer os jornais e revistas também podem
ser fundamentais.

Criar o hábito ( ou gosto) pela leitura é um primeiro passo que depende basicamente de pais e professores. Há uma idade para isso, que infelizmente para os calouros não coincide com os seus 17 ou 18 anos.
Começa antes, na altura ainda do ensino fundamental. Depois, é só alimentar a cabeça de bons produtos, a fim de que persista o interesse.

No ENEM/vestibular, em geral, caem temas da atualidade. O penta do Brasil no futebol, as forças armadas no combate ao crime, o avanço da Aids, os salários dos professores, a busca da profissão ou a esperança
que cerca a vinda de um novo presidente da República. Quem estiver devidamente preparado, com a base que é fornecido por uma leitura constante, não terá dificuldade de desenvolver o tema da prova. Terá
desenvoltura e – o que é mais importante – uma riqueza vocabular essencial. A capacidade de expressão vem daí.

Uma saudável epidemia tomou conta da imprensa brasileira. Os grandes jornais publicam alentadas seções de valorização da língua portuguesa, que alguns até ajudam a abastardar com sua crônica e indesculpável
falta de cuidado. Quando sai na manchete do jornal que "Ronaldinho marca gol de placa na Itália", não há quem se choque com o lamentável cacófato antes que a página seja definitiva impressa?

Em primeiro lugar, pode-se registrar o fato, facilmente comprovável, de que nunca se escreveu e falou tão mal o idioma de Ruy Barbosa. Culpa, quem sabe, da deterioração do nosso sistema de educação básica.

Em segundo, o pouco apreço que devotamos ao gosto pela leitura.

Em terceiro lugar, para não ir muito longe, podemos citar a "contribuição" dos meios televisivos. Donos de uma força descomunal, salvo as exceções de praxe, como os programas gerados pela TV Cultura de São Paulo e do país, praticam um magistral desserviço à educação brasileira. Comunicadores falam mal, atores não se expressam adequadamente, dublagens são feitas de forma chula, programas infantis deseducam - o que se pode esperar desse triste universo?

O curioso é que, vez por outra, aparece algum vereador interessado em ensinar às nossas crianças a biografia dos homenageados, o que, aliás, é uma boa ideia. Pelo menos um resumo poderia ser colocado na primeira
placa de rua. Se isso é de grande utilidade, mais importante ainda é escrever os nomes de maneira correta. Respeitar a nossa língua é uma forma de fazer educação.

Concluindo, o brasileiro está oco. Não é só a ideia da religião, da crença em Deus ou em determinada igreja. Mas está ligado ao pensamento abstrato, à filosofia, ao homem pensando em sua sorte, de onde veio, para onde vai. Essa carência prejudica a cultura geral do indivíduo, porque o homem é essencialmente linguagem.

Se o jovem não se der bem no vestibular, não há de ser nada. De toda maneira, terá lido alguns dos nossos melhores livros. O que é sempre saudável.

Portanto, há um enorme desafio para reverter esse quadro, exigindo maior atenção das pessoas responsáveis deste País.

(*) é professor universitário, jornalista, escritor e amigo inestimável.

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7 Comentários:

Às 12 de novembro de 2010 às 09:57 , Blogger Marivan Oliveira disse...

Giba,
eu acho que a internet deixou a gente muito mais preguiçosa para leitura e escrita,
tiro isso por mim que já até estou viciado em digitar aqui na net e tem horas que escrevo a punho:
VC, TBM, PQ, ETC....
abçs e parabéns pela postagem
que sirva de alerta,
to indicando.

 
Às 12 de novembro de 2010 às 10:26 , Anonymous Anônimo disse...

Gilberto

Fico realmente impressionada, principalmente com os jovens universitários, que não sabem interpretar um texto, não entendem as simbologias, não sabem ler nar entrelinhas, não sabem a diferença de um texto provocador, crítico e irônico.

Nada mais é, do que o resultado de muitos e muitos anos de desvalorização da cultura e das artes.

Quando o sujeito não sabe, o que tem isso a ver com a arte... então é só o começo e a porta de entrada para o mundo da ignorância.

Quando o sujeito não sabe o que vai acrescentar em sua vida, ir a uma exposição de artes... já é mais um passinho para o mundo da ignorância.

Quando os pais ensinam aos filhos que ele pode gostar de "brincar" de artes, mas depois tem que escolher uma profissão "de verdade"... aí é o momento em que a ignorância começa a ser propagada ainda mais.

O resultado é o que vemos. Jovens ignorantes, que não valorizam e muito menos sabem o que é arte, que não sabem ler e escever, que não respeitam as diferenças e que não se arriscam
coisa alguma na vida.

Bjs
Balaio Variado

 
Às 12 de novembro de 2010 às 21:59 , Anonymous Rose disse...

É Giba o brasileiro lê pouco. Em média, 1,3 livro por ano. Se nesta estatística forem somadas as obras didáticas e pedagógicas, o número sobre para 4,7 – considerado ainda baixo.

Entre os leitores, 41% disseram que gostam muito de ler no tempo livre, enquanto 13% admitiram que não gostam de ler de jeito nenhum. Entre os 95 milhões de leitores brasileiros, 75% disseram que sentem prazer ao ler um livro, mas 22% só leem por obrigação.
Realmente lamentável.
Valeu a matéria do Nelson
Abraços
Rose*

 
Às 13 de novembro de 2010 às 12:50 , Blogger Lília Amorim disse...

Oi Gilberto
Também fico contrariada com o rumo que as coisas tomam quando se fala em educação.
Na escola deveria ser hábito desde a alfabetização ter o "Dia da Leitura" pois o incentivo gera o hábito!
Eu compro muitos livros,adoro ler,procura incentivar todos a lerem,e no meu blog sempre posto algo relacionado a leitura.
Não acumulo livros em casa eu faço doações para escolas publicas.Assino Veja e também faço doação para biblioteca pública.
O incentivo também pode ser mantido por nós.Gostei do seu post,parabéns!!

 
Às 13 de novembro de 2010 às 12:52 , Blogger Unknown disse...

Ler é uma forma de abrirmos nossos horizontes para novas idéias, pontos de vista, culturas enfim. Podemos ir muito longe se tivermos o gosto pela leitura.

Tenho o habito de ler desde pequena, não só ler textos, mas também como "ler" imagens, esculturas, edifícios entre outras coisas. Aprendo mais fazendo isso do que lendo um livro didático de historia, por exemplo.

Leio a maior parte do tempo, sempre estou com algum livro ou revista para ler.

Fico muito triste em ver que meus colegas de classe, por exemplo, lêem coisas completamente simples e não entender NADA do que leram e muito menos querem entender. Não se dispõe a ler de novo, a perguntar ou até procurar no dicionário o que são as palavras que não entendem.

É horrível ver eles lendo um texto em voz alta. Eles primeiramente lêem como se fossem tartarugas, empacam em palavras desconhecidas e sempre comem umas letras do texto.

Com tudo isso, vemos um palhaço analfabeto recebendo a maior quantidade de votos e um presidente semi-analfabeto comandando o país.

Se ao menos as pessoas se interessassem em ler, tenha certeza que o país não estava nessa merda.

 
Às 20 de novembro de 2010 às 19:01 , Blogger Espaço Docente Aprendiz disse...

O hábito da leitura deve se iniciar antes da criança ingressar no ensino básico, pois se a professora (a tia dos nossos tempos) perguntar algo a elas, saberão formular uma resposta mais sensata. Os pais devem sempre presentear os filhos com livros, e não apenas com jogos de computador ou brinquedos. É uma atitude tão simples e daqui a alguns anos, e duvido se um adolescente terá coragem de dizer que tem preguiça de ler e escrever. A internet, com certeza, é uma grande ferramenta de pesquisa, mas não pode empurrar os livros para escanteio.

Atenção, senhores pais, parem de ser reprodutores à toa e de mendigarem bolsa família, bolsa esmola, bolsa de blá, blá, blá. Eduquem mais seus filhos!!

 
Às 7 de agosto de 2011 às 05:45 , Anonymous Anônimo disse...

Falar em leitura num país que não lê e quando o faz só lê produtos importados de culturas alienígenas é "chover no molhado", como diz o ditado. Os que não lêem, pelo menos, não são contaminados diretamente pelos valores incongruentes e devastadores de sociedades que não refletem a realidade da nossa. Graças a Deus que não lêem. Mas, pena! A Tv substitui a leitura nesse quesito, não é...?

 

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