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"Caeci sunt oculi, si animus alias res agit"

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Giba Net: "Caeci sunt oculi, si animus alias res agit"

terça-feira, 29 de março de 2011

"Caeci sunt oculi, si animus alias res agit"


(*) Por: Massucatti Neto

(Oratio vultus animi est)

"O médico Dernival da Silva Brandão, da Academia Fluminense de Medicina, disse nesta quinta-feira que o sofrimento purifica. A declaração foi dada em resposta a questionamento feito pelo ministro Marco Aurélio Mello durante audiência no STF (Supremo Tribunal Federal). Mello se disse perplexo com a afirmação."

Fonte: Folha On Line
http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u441391.shtml

Isso vindo de um médico, o qual, pela profissão, deveria justamente ser contra o sofrimeto é de doer (desculpem o trocadilho).

Mas entendamos, ele deve ser Massoquista, ou deve ser que nem aquele maluco do Filme código Da Vinci, o doidão do opus Dei, que fica se flagelando, agora só porque ele é doido, os outros tem que sofrer.

Não sou médico, nem tampouco advogado ou juiz, mas mensurar a sobrevida ou avaliar a questão se há alma ou não em uma criança anencefala, é usar argumentos que na verdade não tem importância nenhuma.

O IMPORTANTE É A MULHER, A FAMILIA, E SE ELA ESTÁ OU NÃO PRONTA OU SE TEM CONDIÇÕES PSICOLOGICAS OU FINANCEIRAS PARA ADMINISTRAR ESSA CRIANÇA.

Eu não tenho o direito, ninguém tem o direito, seja a igreja, seja o estado e muito menos esse "médico", de impingir a alguèm sofrimento, dor, angústia, seja sobre qual circunstância ou em qual argumento se baseie, é imoral, despótico, ditatorial.

Agora porque temos o caso Marcela (*1), ou se vamos analisar onde fica a alma, afinal somos filosofos, metafisicos para decidir onde ela fica, se na cabeça no coração ou na bunda, ou somos pessoas práticas.

Estou cansado de hipocrisia, moralismo barato, religiosidade vazia, onde se excomunga uma criança grávida por fazer o aborto, mas se perdoa os estupradores.

Quem deve decidir é a familia, no caso a mulher, já fizemos plebiscitos para coisas a meu ver menos importantes (se a forma de governo devia ser presidencial, parlamentar ou imperial, e essa a votação não mudou nada em nossas vidas), então façamos um para decidir sobre isso, vou mais além, para decidir sobre o ABORTO no geral.

A mesma classe A e B que faz coqueteis, campanhas, e fala aos quatro ventos que é pecado, é a mesma que paga bem médicos para que suas filhas façam nas melhores clinicas, sob o maior sigilo. Os mesmos médicos que vomitam ética sobre o assunto, muitas vezes são os mesmos que ganham nesse mercado negro, enquantoas as filhas da classe C, D e E se expõe a infecções, esterilidade e até a morte com as fazedoras de anjinhos.

Devemos sim discutir uma politica de controle de natalidade, instrução adequada para mães, jovens e população sobre meios anticonceptivos, e não se a criança que vai nascer e viver, digamos, alguns dias, causando sofrimento fisico, mental ou espiritual é bem vinda ou não.

(*1) Existe um caso famoso no Brasil (ocorrido no Município de Patrocínio Paulista) em que uma criança diagnosticada como anencéfala viveu por um ano, oito meses e doze dias após o nascimento. A menina, batizada de Marcela de Jesus, nasceu no dia 20 de novembro de 2006 e morreu no dia 31 de julho de 2008. Marcela não tinha o córtex cerebral, apenas o tronco cerebral, responsável pela respiração e pelos batimentos cardíacos. A menina faleceu em consequência de uma pneumonia aspirativa.

(*) Massucatti Neto é profissional de segurança privada, entusiasta de assuntos polemicos e um inestimável amigo a mais de quarenta anos.

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