No Brasil das bravatas e mentiras dos dias atuais, a verdadeira opinião pública - aquela que não figura nas pesquisas - acha-se encoberta por uma enorme cortina de fumaça, sufocada pelo silêncio da grande mídia, que, com raras exceções, prefere veicular a falsa propaganda de governo – custeada como o nosso dinheiro – a realizar reportagens sérias e honestas, colocando a nu a triste realidade desta nação sucateada nos seus aspectos moral, político, social, econômico e educacional.

Incluído entre aquela minoria de comunicadores comprometidos tão somente com a verdade – doa em quem doer –, recebo mensalmente dezenas de mensagens de pessoas que se sentem usurpadas e desprotegidas, sem ter a quem apelar, restando-lhes tão somente desabafar via Internet a indignação de que se acham possuídas, diante desse quadro de desgoverno que aí está. 

 

Recebi do leitor Sérgio Bandeira, de Florianópolis, uma dessas mensagens em forma de desabafo, chamando a atenção para os bilhões que serão gastos em função da realização da Copa de 2014, no Brasil, enquanto a saúde pública agoniza, pela inexistência de hospitais, em número suficiente, para atender a demanda, fator responsável pela morte de milhares de pacientes abandonados à própria sorte nas filas e corredores das poucas e desaparelhadas unidades assistenciais deste país enfermo e desgovernado. 

 

Conclui sua análise crítica da situação, com essa observação textual : "Somente a imprensa séria, sem medos e com credibilidade, poderá investigar as questões sobre a saúde em nosso país. Você tem este perfil?"

Diante de apelos como esse, ratifico aqui o meu protesto contra a desassistência na área da saúde e o famigerado sigilo em torno das obras voltadas à Copa, vergonhosamente apoiado pela presidente Dilma Rousseff, que outro objetivo não tem a não ser garantir às partes envolvidas nesses gastos gigantescos, pela
obscuridade da desinformação, toda sorte de roubalheiras capazes de multiplicar milagrosamente patrimônios individuais, de que é exemplo típico o do senhor Antônio Palocci Filho.

(*) Lino Tavares é jornalista diplomado, colunista na mídia gaúcha e catarinense, integrante da equipe de comentaristas do Portal Terceiro Tempo da Rede Bandeirantes de Televisão, além de poeta e compositor.