(*)Lino Tavares

Assistindo à TV Senado, confesso que fiquei chocado com as cenas patéticas protagonizadas por senadores de todos as corretentes políticas, cobrindo de elogios o primeiro mês e meio de mandato da presidente Dilma Rousseff. O senador Pedro Simon, por exemplo, deu-lhe nota máxima em todos os quesitos, como se o novo governo há pouco empossado fosse uma escola de samba desfilando na passarela com todas as suas alas esbanjando acertos. Falar bem ou mal de um governo ainda embrionário, que recém começa a formatar sua maneira de agir , é no mínimo uma irresponsabilidade, pois denota bajulação gratuída ou oposição sistemática. 

 

Ressaltam-se com muita ênfase, nesses pronunciamentos pró governo, os cortes de gastos públicos anunciados
pelo Planalto. Não se questiona, contudo, se essa contenção de depesas da gestão Dilma se dispõe a "cortar na própria carne", reduzindo o gigantismo da máquina estatal, repleta de organismos inóquos, verdadeiros cabides de emprego, ou se atingirá tão somente aqueles setores que influenciam diretamente na qualidade de vida das pessoas.
 

Não se pode esquercer que, quaisquer que sejam os cortes de despesas desse governo, não têm como afetar aos que dirigem a Nação, haja vista que, bem antes dessa manifesta disposição governamental, os congressistas trataram de aumentar em nível elevado os próprios salários e os dos outros poderes, como uma espécie de autoproteção contra futuros arroxos destinados a reequilibrar as finananças públicas, efraquecidas pela gastaça desenfreada da era Lula.

 

(*) Lino Tavares é jornalista diplomado, colunista na mídia gaúcha e catarinense, integrante da equipe de comentaristas do Portal Terceiro Tempo da Rede Bandeirantes de Televisão, além de poeta e compositor.